6.06.2011

Carlos














Édgar Ramirez é a revelação de um leading man como há muito não se via. Comparado com os três actores que garantem maior retorno de bilheteira na actualidade – Matt Damon, Brad Pitt e Johnny Depp –, Édgar Ramirez é um hombre. Olivier Assayas filma-o com a sensualidade que provém de uma estrela rock, algures entre Marlon Brando e Jim Morrison. O corpo de Ramirez é mesmo o grande tema de Carlos: um corpo esbelto nas primeiras cenas, qual gigolô venezuelano; um corpo excessivo mais tarde, em resultado da vida hedonista daquele que se torna figura temida (e adorada) internacionalmente pelo que faz com as extensões do próprio corpo: as armas. Mas acima das armas, que o realizador soube potenciar na sua dimensão fetichista, o protagonista aprecia mulheres e bebida. Esse é o dominio privado do universo de Carlos, onde Olivier Assayas se move tão capazmente como nas sequências de acção. Mas é talvez a vertente que mais se ressente da versão truncada para metade dos seus 330 minutos originais que chega aos cinemas. Que bom teria sido se no caso de Carlos se tivesse adoptado a estratégia de Soderbergh que levou a que Che fosse exibido em duas longas partes distintas. Não havendo essa possibilidade, não resta outra alternativa que adquirir a versão televisiva em DVD. Pelo corpo de Carlos mas sobretudo pelo corpo do filme.

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