Não consigo separar a forma como nos vemos do modo como somos vistos pelos outros. Também por esse motivo considero que a maioridade cinematográfica de James Gary foi atingida logo na obra de estreia, Little Odessa (1994), e em particular na cena de reencontro e despedida entre Joshua (Tim Roth) e a sua mãe (Vanessa Redgrave), que tem um tumor no cérebro em fase terminal. Joshua fugira de casa na sequência de um crime e matar tornou-se o seu modo de vida. Todos o vêem como um assassino, incluindo elementos da própria família (o pai, a avó paterna). Mas para a mãe Joshua será sempre Joshua, e os derradeiros instantes que terão um para o outro, feitos de gestos que pretendem atenuar a separação forçada e a dor de um amor incondicional, são sublimes e filmados de forma sublime. Uma estreia importante que anunciava o grande cineasta de The Yards (1999), We Own the Night (2007) e Two Lovers (2008), de quem voltaremos a ouvir falar no próximo ano.
Arquivo do blogue
-
▼
2011
(665)
-
▼
junho
(48)
- Green minds prevail
- Parece fácil
- Louvor das mulheres sozinhas com dois filhos
- Brisa da tarde
- HOW COOL IS THIS
- O meu piu-piu
- Karma to Boonmee
- À imagem de Deus
- Janis o mito
- Suck it and see
- A fronteira do amanhecer
- Gira e sociável
- Veneno cura II
- Uma noite de puro rock
- A morte de um contemporâneo
- O Rohmer de Seul
- Mãe e filho
- Sedução
- Herzog não explica tudo
- Castores não pagam bilhete
- Para diferentes tipos de motor
- Foi alguém
- Subgénio
- Going 50
- Poesia selvagem
- Floresta iluminada
- Vão à missa
- Toni dos bifes ou a inocência corrompida
- Ursinho
- Jesse Lee Denning por Stuart Mitchell
- Perguntem a uma latina
- Somewhere
- Pássaro de fogo
- Os filmes e o nada
- XXXL
- O mundo é dos belos e estúpidos
- Eles nunca recordarão Paris
- Goddess
- Sem título
- A pele que eu habito
- Sónia Brazão
- Carlos
- Viva Plant
- Anatomia de Plant
- Então começa assim
- Não me queixo
- Vem aí o Camelo
- Medir forças com Deus?
-
▼
junho
(48)