6.27.2011

Janis o mito


























A sensação de se ser apanhado pela história fica evidente quando nos deparamos com um artista desaparecido que obriga a redimensionar a opinião que temos sobre uma porção considerável de outros que vieram depois. Comigo aconteceu com os Led Zeppelin, aconteceu com os Black Sabbath, aconteceu com os Pink Floyd, Johnny Cash, Serge Gainsbourg, aconteceu este fim-de-semana com Janis Joplin. Uma caixa de três CD's, Janis, começou a desvendar o seu alinhamento e o produto da audição não se fez demorar. Raros homens terão habitado as canções como Janis Joplin (entrega emocional que arrisca o histrionismo, façon Brel), e se pedirem o nome de outra mulher que nos contextos do blues e do rock se lhe compare, não me ocorre nenhuma. Antes talvez, se considerarmos Billie Holiday. Se o caso for o após nem vale a pena darmo-nos ao trabalho de considerar quem quer que seja. O que se escuta na voz de Janis Joplin não é nunca a proeza vocal circense, antes o caso excepcional da mulher que se impõe num território masculino por tradição, sem favor ou condescendência e dando a sensação de que ao fazê-lo o faz de modo total e genuíno. A diferença entre a fé e os mitos é que sendo ambos da ordem do inquestionável, a primeira é-o pelo lado do mistério ao passo que o segundo se afirma pela evidência.

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