4.21.2011

Uma lição (ou duas) de humanidade
















Passa-se no começo do 11º episódio da primeira série de Deadwood. A empregada do bar Gem desloca-se ao médico para mostrar um livro de ortopedia que pensa poder contribuir para atenuar o problema de arrastar uma das pernas. Essa enfermidade está entre as suas várias limitações e durante o trajecto de Jewel (Geri Jewell) algumas pessoas olham com desdém os seus trejeitos, até que esta tropeça numa poça de lama e cai perante o olhar de uma mulher chinesa que não mostra intenção de a ajudar. Conhecendo-se que os chineses eram habitantes que gozavam de baixa consideração por parte dos brancos (que os apelidam em Deadwood de "chinks" ou "celestials"), ficamos a saber que também eles podem considerar-se acima de outras pessoas. Isto é uma grande lição sobre a humanidade. Há sempre gente que consideramos inferior a nós e enquanto assim for é sobre nós que impomos um real motivo de desconsideração.
















P.S. O exemplo do reverendo Smith (Ray McKinnon). A evolução da demência causada por um tumor dá-nos a ver o modo como o discurso da fé pode ser confundido com delírios de louco se personificado por um ser de grande fragilidade. A imagem do reverendo Smith enche-me de uma comoção que remete para a personagem de Johannes Borgen no filme Ordet/ A Palavra (1955) de Carl T. Dreyer. Sou dos que respeitam a hipótese da graça divina se manifestar nos espíritos fracos (e nos animais).

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