4.08.2011

Meia bala e força


















Quem vier em busca de subtilezas de forma ou verbo em Tropa de Elite 2, dará o seu tempo por maldito. O filme de José Padilha tem a carpintaria de um série B (no caso um série BOPE) que os americanos deixaram de exportar a não ser para alimentar o fluxo ininterrupto dos canais por cabo, embora em relação à parte 1 se note aprimoramento ao nível da pós-produção: do som, sobretudo. Tropa de Elite 2 deixa em fundo os traficantes das favelas, e centra-se desta vez no peixe graúdo: os políticos que manipulam localmente o sistema. Padilha faz um filme que denuncia a corrupção sem ser exaustivo ao ponto de comprometer o ritmo da denúncia. Podemos pensar no Dirty Harry realizado por um aluno aplicado de Michael Mann, menos polido. A fita, no entanto, é boa. Funciona. Galvaniza e gere de modo habilidoso o seu principal trunfo: a convergência moral do ex-coronel do BOPE Roberto Nascimento e do deputado Fraga, que se aliarão para desmascarar os políticos e os polícias corruptos. Dir-se-ia que o objectivo particular de José Padilha neste Tropa de Elite 2 foi traçar a aproximação entre dois homens que partem de campos ideológicos opostos. O justiceiro com currículo de sangue ao serviço do Batalhão de Operações Especiais une-se ao político cujo idealismo não resiste à prova da realidade. Tropa de Elite 2 mostra como a natureza de cada homem se define em função dos seus valores. Muitos cadáveres depois a missão não está cumprida.

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