Também Govanni (o mesmo primeiro nome que Moretti que o usa abreviado para Nanni), após a morte acidental do filho, procurará reconstituir o dia fatídico com o propósito de o corrigir (em vão). Cada elemento da família cumprirá o luto à sua maneira, até à entrada em cena de Arianna, uma rapariga com quem Andrea, o filho morto, tivera uma paixoneta de Verão. E se a princípio Arianna parece representar a possibilidade dos pais recuperarem memórias de Andrea por intermédio da rapariga, logo nos apercebemos que a vontade de Moretti foi dar-lhe uma existência própria que resulta no trajecto que a família fará até à fronteira com a França, onde deixam Arianna e um amigo que com ela se propunha viajar à boleia, no que constitui a indicação subtil do movimento de Giovanni, da sua mulher e da filha de regresso à vida.
Perante uma tragédia, seja particular ou geral, a receita é comum: enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Cuidar de nós e do outros é dos nobres desígnios da vida. Tarefa aparentemente simples, como o curso do rio da canção de Brian Eno que se escuta por duas vezes quando nos encaminhamos para o final de O Quarto do Filho. O seu título, By this River; as suas palavras remetendo para o sentido da vida: porque aqui estamos, como viemos para aqui, com que intenção? A resposta do filme é dada com os pequenos gestos que sugerem aceitação. A chegada de alguma paz e a possibilidade da alegria. Quantos finais felizes vale isto?