12.04.2008
Vanina
O fascínio exercido pelo filme de Zurlini explica-se com as palavras que alguém usa para descrever Vanina Abati (Sonia Petrovna), sobre o peito da qual repousa Daniele Dominici, na imagem, na véspera da primeira noite de quietude. Ela é uma rapariga com "muito passado, pouco presente, e nenhum futuro." Assim é também La Prima Notte di Quiete: um filme assombrado pelo passado dos protagonistas (vícios e morte); que decorre na zona costeira de Rimini, deserta por não ser Verão; que filma o quotidiano promíscuo e auto-destrutivo de um conjunto de pessoas que se encontram numa espécie de beco de única saída. Este Zurlini faz a súmula da náusea existencialista de Antonioni (O Eclipse, O Deserto Vermelho), da pulsão decadentista de Visconti (Conversation Piece, O Inocente), e da fúria niilista de Bertolucci (O Último Tango em Paris, e as semelhanças do Brando desse filme com o Delon do Zurlini vão além do facto de ambos usarem um sobretudo idêntico como uma segunda pele).
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