12.29.2008

O ególatra e o seu esplendor


























A verdade é que dispenso a recomendação de outrém para chegar a Philip Roth. Não sendo leitor exaustivo tenho um dos seus títulos ligado a um período intenso da minha vida, talvez o mais extremo que experimentei. Este Indignation respirava já no topo de uma das pilhas (os livros por ler acumulam-se e aprendi a coabitar com o incómodo) quando o comentário de um amigo fez com que pegasse nele no dia seguinte. Li entretanto um terço, seria precipitado dizer se se trata de outro romance notável. Mas há alguma coisa que posso adiantar com segurança. Se quiserem (dirijo-me sobretudo às mulheres) saber como funciona a mente masculina, este livro é absolutamente revelador. Tão revelador que qualquer homem pode dizer que o livro em parte conta a sua própria história: no caso a de Marcus Messner que está lá pela de qualquer um de nós. Numa escrita que desarma com frontalidade e simplicidade (o léxico de Roth está ao alcance de uma pessoa que domine razoavelmente o inglês), Philip Roth revela logo nas primeiras cinquenta páginas o modo de agir da psicologia masculina. Roth expõe-nos, e de caminho comove-nos. Se isto não é um grande autor, outra pessoa me explique o que quer que isso seja.

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