4.03.2007

Oceano pacífico















Existe um terceiro elemento - além dos autores Foxx e Budd - que muito possivelmente estará na origem da afinidade encontrada por estes dois músicos. John Foxx (ex-Ultravox) foi das primeiras pessoas a recorrer aos préstimos de produtor de Brian Eno e foi com o mesmo Eno que Harold Budd gravou álbuns seminais como The Pearl e The Plateux of Mirrors. Pode imaginar-se que John Foxx e Harold Budd acompanhavam o trabalho um do outro à distância. Em 1996 surgiu a possibilidade de gravarem juntos e o resultado saiu para o mundo em 2003. Translucence/ Drift Music, dois CD's, um único disco em duas partes que a Providência colocou na minha frente quando olhava distraído para os saldos da Ananana. Foxx e Budd foram generosos com os que perseguem estas coisas: 27 composições, no total. Piano e electrónica. Fluxo sonoro que dá a sensação de poder eternizar-se: a função repeat é no caso mais que a mera sugestão. A música ambiental apresenta-se aqui no limite da evolução. Dos anos 80 para cá só a técnica se desenvolveu, a linguagem tinha já alcançado um apuro formal até hoje inultrapassado. E quando quase não se dá pela forma (concretizando, pela melodia), é quando podemos entrar nela a qualquer momento e sair quando bem entendermos. Drones remain drones.

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