4.21.2007

INDIELISBOA (dia segundo)













Destricted resulta de encomenda de uma plataforma de gente ligada ao mundo das artes, que resolveu desafiar artistas e cineastas a apresentarem a sua visão do sexo e da pornografia num conjunto de curtas-metragens reunidas em programa de cerca de duas horas. Foram sete os convidados: 5 homens (Richard Prince, Larry Clark, Matthew Barney, Marco Brambilla, Garpar Noé) e duas mulheres (Sam Taylor-Wood, Marina Abramovic). Gente ligada, ora ao cinema, ora às artes, em zona de fronteira que interessava à entidade que comissariou a proposta. Falemos dos resultados. A dominante masculina talvez tenha decidido a orientação literalmente masturbatória da maioria das curtas. O sexo é gráfico e explícito, embora com aquela décalage formal que supostamente o ilibará de se tornar mero exercício gratuito. Gostei dos filmes de Barney e de Larry Clark: o primeiro, Hoist, apresentando uma instalação parte homem parte máquina, onde tanto se lubrificam o pénis quanto a avantajada turbina, proposta coerente com os objectos da série Cremaster, embora com a vantagem da sua mais curta duração; o segundo, Impaled (na imagem), resultando do registo do casting onde Clark propõe a um conjunto de rapazes que fale das suas fantasias sexuais para que depois um apenas seja escolhido e convidado a realizá-las com uma actriz porno. Clark foi o único dos participantes a filmar as coisas como elas são: a pornografia em toda a sua crueza e proeza - o rapaz escolhido não deixa ficar mal o realizador e as actrizes são uma simpatia. De resto, só metáforas pesadas, humor involuntário e formalismo enjoativo (como na curta de Noé, ainda sob o efeito strob de Irreversível). Destricted mostra como a figuração da genitália e dos actos sexuais é das coisas verdadeiramente delicadas de transformar em arte. Quando a coisa funciona a gente excita-se e quando a gente não se excita é porque a coisa não funciona. Dou por ejaculado! Repete sábado, dia 28, às 22h15, no mesmo Fórum Lisboa. (2 estrelas)

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