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B Fachada e Samuel Úria tinham discografia já feita, mas o hype projectado pelo Público foi de tal ordem que eu, invejoso, deixei esfriar a curiosidade. Até que ontem, encontrando-me no Colombo à espera de boleia, me pus a ouvir na Fnac o novo B Fachada, de título B Fachada. Soou bem, estava baratinho, e marchou. Não marchou sozinho. De impulso trouxe ainda Nem Lhe Tocava, do Úria. E mais umas coisinhas. Entretanto escutei os discos algumas vezes: Fachada pelo fim de tarde, Samuel noite dentro. O que posso dizer por agora é que meio a sério meio a brincar me levaram à certa. Samuel Úria e B Fachada são tipos com talento, que se apresentam como se falsamente o menosprezassem. Revelam-se desconcertantes: B Fachada parece um parente distante (lusitano) do novo tropicalismo, tal como é entendido pela banda de Moreno Veloso e suas variantes. E Samuel Úria assemelha-se a um baladeiro que vive o sonho americano encafuado na geografia da Grande Lisboa. Dois sofisticados que fazem questão de parecer figuras de tragicomédia, que acabamos levando a sério porque não somos surdos. E porque ambos fazem muito não exactamente boas canções.