6.09.2009

Madrugada dia inteiro




















Imaginemos o post como um sonho. Associações sucedendo-se dando a sensação de que o movimento balança à revelia do controlo. Parte-se da imagem da capa de um disco, The Doctor Came at Dawn, nunca antes escutado à hora a que investe o seu sentido. Uma madrugada quem tem por detrás as canções de Bill Callahan (Smog), nebulosas e foscas como se observadas de fora da garrafa que as encerra. Barco falso, mar falso, vidro verdadeiro a causar desvios de perspectiva. A imagem do barco e do mar traz sons que se "ouvem", e que qualquer um lhes relacionaria. Mas quantos se lembrariam de À Flor do Mar, objecto derivativo de João César Monteiro, casca de noz poética soprada pelo que de essencial tem o hedonismo da cultura latina: refeições tardias, conversas com cigarras em fundo, mulheres na flor da idade e outras que soltam pétalas que gostamos (gostávamos) de apanhar. Terroristas e fadistas, turistas e piratas, praias desertas que tomam a forma de qualquer ficção. E outro título, que mesmo não vindo de César (será) é como se viesse. Também haverá piratas em A Espada e a Rosa, garante João Nicolau. E barcos, e Algarve (talvez). Continuamos à deriva, como se não quiséssemos fazer outra coisa. Porquê fazer, quando imaginar é tão mais aliciante? Porquê fazer, a menos que seja fazer o imaginado.

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