2.13.2009

A tartaruga do Marcelo




















A tartaruga do Marcelo Camelo é a sua própria música. Sei do que falo pois não tenho ouvido outra coisa com tanta insistência quanto Sou, que pode chamar-se Nós dependendo da maneira como pegamos no disco. As canções e os instrumentais, inclusive um pedaço de ruído ambiente sacado numa praia onde se percebe o movimento das ondas do mar, caminham devagar e ao mínimo sobressalto parece que escapam para dentro da carapaça e terminam. Experimentem com o cágado lá de casa ou então com um caracol. Toquem-lhes no focinho a ver o que acontece. Assim é a música de Marcelo Camelo. Tímida mas genial. Frágil, delicada, com detalhes do mais fino artesanato. Até as palavras soam a pensamentos que tombam no papel sem que ele tenha dado por isso. E nós de tanto escutar acabamos por notá-los. Identificarmo-nos com essa doce melancolia. Tenho amigos que são assim como o Marcelo Camelo, e que por acaso fazem música também. Acho que posso dizer que podia ser amigo do Marcelo, caso ele não vivesse em Copacabana mas em Telheiras.

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