2.27.2009

O grande salto


















Randy "The Ram", o lutador de Mickey Rourke, é a figura que o filme destaca de uma galeria de sujeitos que estão entre o super-herói xunga e o Cristo de versão white trash. Pena que o olhar de Darren Aronofsky se distraia com os aspectos grotescos daquele universo, e não consiga atribuir outra estatura humana às personagens. Assumo a pretensão de dizer que era preciso alguém mais batido para acreditarmos que quem filmou estabeleceu empatia com o que foi filmado. E há exemplos concretos daquilo que gosto menos neste The Wrestler: a cena em que os lutadores veteranos estão distribuidos pelas bancas onde se vendem artigos ligados às suas pequenas histórias, quando Aronosfky prefere de novo inserir planos que reforçam a decadência física dos homens; ainda o plano em que Randy, depois de dar umas linhas de coca, fornica violentamente uma jovem "bimba"; também o momento em que o realizador filma a stripper interpretada por Marisa Tomei a dançar de rabo espetado para nós, oferecendo-se ao olhar da câmara que devia ser o primeiro a protegê-la; por último justamente o derradeiro plano do filme, horrível, com o salto em ralenti, olhado de baixo para cima, no comeback final de Randy (e eu nunca tive grande opinião de Butch Cassidy and the Sundance Kid...).
Bastava a The Wrestler ter outro realizador para que os resultados fossem além da indistinta mediania. Ninguém de especial. Um Stallone seria suficiente.

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