9.19.2008

Macacos me mordam


















Em 1972 participei no filme de Werner Herzog, Aguirre, o Aventureiro. Ao revê-lo mais de três décadas depois quase consegui recuperar a experiência. Fiz o Don Pedro de Ursua e acabei morto antes da subida final do rio. Falhei a parte em que Herzog soltou dezenas (terão sido centenas?) de pequenos macacos sobre a jangada onde os poucos sobreviventes agonizavam de fome e de sede. O Kinski voltou a impressionar-me naquela sua brutalidade alucinada mas contida, no modo como consegue dar sem espalhafato a demência que se apodera de Don Lope de Aguirre, o grande manipulador, o terror dos selvagens e de nós próprios. Os olhos pareciam querer saltar-lhe das órbitas.
O filme de Herzog não envelheceu uma ruga que seja. Curiosamente, eu também não.

Arquivo do blogue