7.26.2007

Discos da vida ao sabor da busca de assunto (10)



















A descoberta deste CD foi uma rara alegria, pensando eu não haver nada por explorar na música de Harold Budd depois do testamental (sublime) Avalon Sutra. The Room, que o antecede em meia dúzia de anos, funciona como regresso amadurecido, mais sereno e mais harmonioso, aos espaços sonoros que Budd trilhara com Brian Eno largos anos antes. Assemelhar-se-á, para usar da metáfora, a um manto sonoro esvoaçante que pode ser atravessado todas as vezes e por todos os lados que a sua unidade e harmonia permanecerão invioláveis. Recorda-me também a assinatura dessa superior casa de edição, que diz: "ECM, o mais belo som depois do silêncio". As composições electroacústicas de Harold Budd estão além desse credo. O silêncio sai enriquecido. A acrescentar a isto posso apenas contar o episódio do guru a quem certo dia perguntaram o que caracterizava o estado superior de consciência conhecido por samadhi. Em resposta falou o mestre zen: "O samadhi é..." e entrou em samadhi. Certas composições de Harold Budd parecem-me ilustrações da parábola.

Mais sobre Budd na Atlântico que sai amanhã para as bancas.

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