Quando o filme de Leone se encaminha para o duelo que oporá o homem da harmónica, interpretado por Charles Bronson, e o temível Frank, na figura do já então lendário Henry Fonda, e este pergunta a Bronson quem ele é, a resposta vem com as identidades de vários homens que Frank assassinara no passado. E vão seguindo-se flashbacks de Frank, bastante novo, de barba, trazendo ele próprio uma harmónica na mão, caminhando de uma área desfocada para um primeiro plano, e eu, convocando mitos que talvez sejam para aqui deslocados (ou talvez não), cheguei a pensar que a personagem de Bronson representaria Frank ele mesmo, a projecção naquele presente de um tempo em que não havia tombado ainda para o lado do mal, e que agora as "forças" antigas do bem triunfariam sobre as trevas que vieram depois. O que vi em Frank foi uma espécie de Darth Vader trajando esporas, coldre e chapéu. O deserto de Era uma vez no Oeste sugerindo o tempo e o espaço de Guerra das Estrelas, actualizando o mito para a minha maturidade de adulto. Nesse momento eu fiz outro filme porque os mitos somos nós.
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