4.15.2010

Tenho dito


























Um conhecido luso-americano que é músico desdenhou do meu espanto face à coesão de um disco como Farewell, de Sean Riley & the Slowriders. Entendi da expressão jocosa que para ele não deve fazer nenhum sentido que músicos portugueses possam ser confundidos com os americanos. Não me alonguei em explicações, mas claro que o meu argumento não é o da qualidade da cópia. Quando ponho em relação o som, a voz e as letras de Sean Riley & the Slowriders, não existe acréscimo de condescendência pelo facto de serem músicos portugueses (os músicos têm nacionalidade, a música apenas géneros e cada género comporta uma tradição). E esse mesmo facto não conduziu a que passasse a escutar o disco de outra forma. A música dos Slowriders tem qualidade para ser considerada em pé de igualdade com qualquer outra banda de que eu goste. O meu espanto, no fundo, vai para a descoberta de um grupo cuja sonoridade me cativou de imediato, e que tem um universo composto por referências que passam por aquilo que viram, ouviram e leram (e que adivinho serem bastante comuns com as minhas). Reconhecer que nesta matéria somos todos mais americanos do que alguns gostariam de admitir, é a mera constatação de uma evidência. E, já agora, o segundo disco deles, Only Time Will Tell, mais vincadamente rock, com um som expansivo e cheio que vai recolher elementos ao gospel e à música country, está novamente à altura dos pergaminhos do heterónimo. A música só tem a ganhar em ser habitada pelos Sean Riley & the Slowriders. Vão-se habituando a eles.

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