3.27.2010

Don't believe the hype*


























Encontrei o Alberto Gonçalves primeiro pelo que escrevia na blogosfera (e no Correio da Manhã) e anos depois ficámos amigos. O Alberto deixou o Homem a Dias em pousio e não tem pachorra para enviar um boletim com os seus textos, e apenas isso explica que só agora me tenha apercebido da polémica suscitada pela crónica sobre a morte de MC Snake e sobre o hip hop. Uma polémica onde conheço pessoas em ambos os lados, sendo que um deles é ocupado apenas pelo Alberto (ainda não li ninguém a corroborar a opinião veiculada na sua crónica). Penso que os ataques a Alberto Gonçalves respondem numa medida que os outros consideram proporcional. Penso ainda que o interesse que a pessoa de Alberto Gonçalves lhes suscita (claramente expresso na formulação de Rodrigo Nogueira, quando escreve: "O mundo de Alberto Gonçalves é um mundo onde eu não quero, de todo, viver.") é, esse sim, proporcional ao interesse que Alberto Gonçalves tem pelo hip hop e a cultura que lhe está subjacente. Penso, finalmente, que as pessoas deviam poupar-se a escrever sobre o que não lhes interessa. O desinteresse traz ao de cima o preconceito. São precisas boas doses de humor ou ironia para se ler um texto preconceituoso com interesse, coisa que esteve ausente da polémica nos dois lados. Eu que conheço parte do mundo de Alberto Gonçalves, posso afirmar que quero lá voltar outras vezes. Eu que regressei ontem (mera coincidência) a este disco dos Public Enemy, posso garantir que a música não perdeu um grama da pujança original. Eu que sou judeu, mestiço e tatuado.

* I'm not a hooligan
I rock the party and
Clear all the madness

Arquivo do blogue