3.22.2010

Amas-de-leite


























foto: Clara Azevedo.

[...]
Quando precisa, vai às putas? Tem uma mulher, várias mulheres? Como é que resolve essa parte?
Todos nós, portugueses, vamos às putas de vez em quando. Por alguma razão elas existem. É mais uma daquelas coisas que tentamos pôr debaixo da cama mas que aparecem, sobretudo com uns copitos. E é uma maneira fácil de resolver os problemas conjugais. É mais barato, moralmente, arranjar uma prostituta do que uma amante. Uma amante precisa de ser sustentada, moralmente também.
É carente.
Exacto, é uma pessoa que quer, que tem direitos. Ao passo que uma profissional…
Dá menos trabalho, custa menos dinheiro?
De maneira que as profissionais existem para alguma coisa e infelizmente não são dignificadas como deviam ser. E até acho outra coisa, mas não vou dizer… Acho que também devia haver Mães profissionais, assim como há prostitutas. Há uma agência na Alemanha que tem Mães, pessoas que fazem de conta que são Mães para homens de negócios que se sentem deprimidos. Vi isso no jornal. Prostitutas sentimentais, não sexuais. Alugam esses sentimentos. São amas-de-leite, no fundo.
Só que em vez de dar leite, dão sentimentos.
Também podem dar leite, mas é mais caro.
[...]


Das passagens que apetece citar da entrevista dada por Manuel João Vieira e heterónimos a Anabela Mota Ribeiro, escolhi esta. Vá-se lá saber porquê.

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