11.03.2009

Capuchinho vermelho


























Resgatei o CD de estreia de Christina Courtin da pilha anónima de uma casa em festa. Está claro que pedi autorização ao dono (da casa e da festa) que não apreciava o disco e não lhe terá prestado grande atenção. Tocou toda a manhã seguinte de sábado e porque a sua duração é a justa, no duplo sentido, tocou variadíssimas vezes. Uma boa forma de se escutar alguns CD's é pô-los a rodar em modo "repeat", deixando a atenção fixar-se ao impulso do acaso (que nunca é completamente por acaso). É que o acaso acaba perdendo terreno para a atenção continuada quando os discos são de facto interessantes, como é o caso. Muito interessante mesmo. Christina Courtin rodeou-se de excelentes músicos que tal como ela integram uma cena nova-iorquina que tem hoje sobretudo uma carga histórica, de tão indefinida que é a sua configuração. Com Christina (violino e voz) tocam Marc Ribot, Greg Cohen, Jim Keltner, Jon Brion, e outras quantas luminárias. O ambiente do disco faz lembrar um cruzamento das sensibilidades tímbricas e de composição de Rickie Lee Jones e Marisa Monte, o que vem dar algo próximo do que se observa na discografia recente de Andrew Bird (aquela que conheço, "iniciada" no Mysterious Production of Eggs), sendo que o instrumento que ambos privilegiam, o violino, é utilizado por ele com uma propensão algo olímpica. Christina Courtin é mais modesta de intenções, embora os resultados nada fiquem a dever ao rouxinol de Chicago. Obviamente que temos senhora escritora de canções, e logo na figura de um adorável capuchinho vermelho moderno e cosmopolita.

[ou a mais recente descoberta que devo ao João Lisboa, para alguns de nós apenas conhecido como o 'guru']

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