Pouco faltava para as seis da madrugada quando despi a farda do agente Santos, da Polícia de Segurança Pública, regressando à identidade civíl por que sou reconhecido. Longas horas trajado para uma figuração especial que fiz no novo filme do João Nicolau, A Espada e a Rosa. O João devolvia-me assim à PSP que me perdera há muito tempo atrás para o cinema. Passo a explicar a «homenagem».
Em 1989 ingressei na Escola Superior de Polícia, hoje Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna. Frequentei os dois primeiros anos do Curso de Oficiais, e para infelicidade da família mudei de vida. Hoje é mais um episódio para motivar a estupefação dos amigos que outra coisa. Mas a minha história com as fardas, como se veio a ver, seria resgatada. Com êxito. Uma segunda pele altamente verosímil, apesar do cabelo longo disfarçado e da barba cheia, que deu azo a situações equívocas como a do jovem casal espanhol de moto que me perguntou onde ficava o miradouro de Sta. Catarina, ou o taxista que transportava um inglês visivelmente embriagado, que ao baixar o vidro do carro disse: "Boa noite, sr. agente! Será que me pode ajudar com este senhor que só fala inglês e não se lembra do nome do hotel onde está?" Claro que expliquei ao homem do táxi que eu era um polícia de cinema, mas lá lhe resolvi o problema da localização do hotel Chiado. E depois encarei orgulhoso a equipa do filme, com esta fuça de autoridade (palavras minhas) que herdei.
O meu camarada de serviço era o agente Coelho, também baptizado pela menina do guarda-roupa que trouxe as plaquinhas que condicionaram as escolhas iniciais do realizador. O agente Coelho era para ser o agente Borges ("'Ó Borges, é mandar chamar o INEM!"): de Pedro Borges, o da Midas Filmes, que lhe emprestou corpo ainda mais convincente que eu. E qual seria o meu apelido? Sinceramente não sei. Mas agente Gross até tinha a sua pinta.
8.24.2009
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