10.07.2008

Watertown 1970


























Para quem está familiarizado com a discografia de Frank Sinatra, o principal contributo dado pela colecção de vinte CD's do Público que hoje se conclui, terá sido a possibilidade de descobrir esse magnífico álbum que é Watertown: décimo nono volume do conjunto de vinte discos encadernados. Contemporâneo do repertório clássico de Scott Walker (os quatro primeiros álbuns), com o qual revela afinidades que dizem respeito à experimentação com o formato canção dentro de um ciclo tematicamente denso e coeso, também lhe poderíamos aplicar a "escala de Mahler" que mediria os níveis do romantismo e o situaria no grupo dos casos de forte intensidade lírica. Em anos recentes só me lembro de outro disco que possa reclamar descender da estirpe e que é North, de Elvis Costello (2003). Watertown é exemplo que obriga à definição da linha de fronteira que separa aqueles que ouvem música por prazer dos que o fazem pelo prazer de sofrer. A banalidade dos fracassos comuns e da pequena história está na base do trabalho criativo que perdura. Foi sempre mais fácil causar impacte com situações e sentimentos extremos, mas que tal como estes cedo se esgota. Pelo contrário, este disco constituirá parte do resto da vida.

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