9.08.2011

O Gaspar morreu hoje


























O Gaspar morreu hoje. Era assim como o bicho aqui na imagem. Foi o cão dos meus pais durante 12 anos. Tornou-se na principal companhia da minha mãe que gostava de ficar acordada até mais tarde que o resto das pessoas. O Gaspar terá ido viver connosco por alturas em que saí lá de casa. As memórias que dele recupero são de visitas semanais que se foram tornando mais espaçadas e agora quase inexistentes. É preciso saber identificar a idade de um cão por sinais que escapam à maioria. Eu não sei notar. A dada altura o Gaspar começou a cheirar mal: a raça dele tem tendência para ganhar problemas de pele (de pêlo). Deixei então de fazer uma coisa que surpreendia a plateia. Pegá-lo pelas patas da frente e erguê-lo no ar como se fosse uma criança. O Gaspar parecia ter confiança em mim. Agora que morreu pergunto-me se terá tido uma vida boa? É o que se faz quando as pessoas morrem e a vida dos cães sendo mais curta não é assim tão diferente da nossa. Muitos momentos banais e esquecíveis, os aniversários, a descendência que se deixa ou não deixa. A vida do Gaspar terá sido uma vida como todas as outras. No balanço final é mais o que se equivale e esqueçe que o que se recorda e prevalece. O Gaspar morreu hoje com 12 anos. Acabou-se.

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