9.30.2011

Creme Barney



À razão de se mover em territórios onde cinema e arte contemporânea se interceptam, originando a categoria do cinema experimental por oposição ao cinema narrativo (do meu ponto de vista todo o cinema é narrativo mas deixemo-nos de complicações), o trabalho audiovisual de Matthew Barney (n. 1967) resulta numa espécie de "beyond Cronenberg", e a fusão do homem com a máquina (entre outros materiais, objectos, artefactos, coisas enfim) atinge leituras metafóricas que reportam sempre ao sexo, umas mais percepcionáveis que outras. O filme Hoist (2004), que integra o conjunto de curtas-metragens cujo título é Destricted, muito pobre se analisadas caso a caso, com a excepção dos contributos de Barney e de Larry Clark, é das melhores coisas que vi do seu autor e mexe comigo a um nível diria que inconsciente. Matthew Barney apresenta o estimulo sexual destituído do outro, uma espécie de competição do falo consigo mesmo que se esgota na mecânica onanista. É muito redutor na medida em que não descortinamos sentimentos, mas a metáfora é poderosa, polémica e até política. Se vos repugnar também não faz mal (aqui na versão em russo, o que é quase irrelevante).

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