“Credibilidade junto à banca, para que serve?” por Zé Diogo Quintela
Nos últimos anos, sempre que se fala numa alternativa para dirigir o Sporting, torce-se o nariz e diz-se que não dá porque o putativo candidato não tem “credibilidade junto da banca”.Muitos sócios votaram em José Eduardo Bettencourt porque lhes foi garantido que a banca só emprestava dinheiro ao Sporting se o presidente fosse JEB, um gestor competente com “credibilidade junto da banca”.
Sucede que JEB não era competente. Viu-se ao longo do mandato (seria fastidioso enumerar os exemplos) e confirmou-o a própria banca, por José Maria Ricciardi, que disse que o dinheiro foi mal gasto no mandato de JEB.
Apesar de o presidente não ser competente e de a banca saber disso, a verdade é que continuou a haver dinheiro para o Sporting (o tal dinheiro que foi mal gasto).
Donde se conclui que:
a) afinal, a competência do presidente do Sporting é indiferente para que a banca empreste dinheiro ao clube;
b) a banca é má avaliadora da competência dos gestores;
c) a “credibilidade junto da banca” não garante nada;
Depois das gestões com “credibilidade junto da banca” de Soares Franco, de JEB e de Nobre Guedes, julgo que é altura de colocar a questão a montante. E a questão não é tanto da credibilidade que alguém tem junto à banca, mas antes a credibilidade que a banca tem junto a nós. E que credibilidade pode conferir um aval passado por uma instituição que provou não ter, ela própria, credibilidade? Conhecendo o historial da banca nos últimos anos e o seu papel na crise, o facto de se querer a opinião da banca é, já de si, um mau princípio. É como aconselhar-se junto das trabalhadoras do Elefante Branco sobre a seriedade de uma namorada.
Reparem como a banca apoia a lista de Godinho Lopes que tem Nobre Guedes, um dos responsáveis pela má gestão anterior, e Paulo Pereira Cristóvão, que há dois anos era o candidato contra quem a banca avisava os sócios, por não ter a tal credibilidade junto de si. A prova de que a banca, além de credibilizar, redime. Pelos vistos, se os banqueiros usassem mitra, a banca era a Igreja Católica.
A “credibilidade junto da banca” não só é negligenciável como chega a ser prejudicial, porque indicia à partida que podemos estar na presença de um gestor que não só não é melhor do que outro sem “credibilidade junto da banca”, como até pior para o Sporting.
É que já se percebeu que o que granjeia “credibilidade junto da banca” são decisões do tipo venda de Moutinho ao rival Porto; venda de Liedson; não renovação de Derlei e posterior contratação de Caicedo; sentar-se ao lado de Pinto da Costa depois de ser achincalhado de toda a forma e feitio; e outras do mesmo estilo. A banca confere credibilidade é a esta forma desastrosa de gestão.
Se Bruno Carvalho não tem “credibilidade junto da banca”, nomeadamente este tipo peculiar de “credibilidade” junto a este tipo específico de “banca”, para mim é só mais uma razão para votar nele. [daqui, sublinhados meus]