1.27.2010

If we build it, (they) will come













Digamos, para abreviar, que a sala estava cheia. Havia gente de pé. Projecção imaculada em vídeo de alta definição que fez sobressair a qualidade dos filmes de Rui Xavier e de Cláudia Varejão. Se conseguíssemos que fosse sempre assim(!): uma experiência de quase cinema, com a vantagem para alguns de se poder fumar durante a sessão. A experiência de um quase cinema como era vivenciado nas suas primeiras décadas de existência. Aproximadamente.
E sobre os filmes, breves tópicos à posteriori: Superfície, de Rui Xavier, tem aquilo que todas as curtas-metragens deviam possuir. Uma ideia apenas. A criação de uma atmosfera, de uma emoção. Angústia, depois surpresa, encerrando sobre um final em aberto. Superfície remete para o carácter flutuante das nossas próprias vidas (representadas pelo náufrago e pela pequena embarcação à deriva), onde nos descobrimos umas vezes vulneráveis outras seguros, e de como a alternância entre os dois estados pode ocorrer num instante e por um capricho do destino. Que aqui tem o nome de cinema.
Um Dia Frio é um pouco mais longo, embora mantenha firme o propósito da ideia única. E suas variações. O filme de Cláudia Varejão é sobre o segredo, aquilo que de privado têm as vidas dos vários elementos que constituem uma família lisboeta. O que o espectador vê a partir do momento em que eles se separam no início do dia são situações que não partilharão uns com os outros. Um Dia Frio é um objecto formalmente muito controlado, sem que isso roube vida às suas personagens ou retire presença à cidade onde decorre a acção.
A próxima projecção da NOGO-kino está praticamente definida. Surgirão notícias muito em breve no endereço privilegiado.

Arquivo do blogue