3.20.2009
Trainspotter
Ter mudado, apesar de tarde, para uma escola do Estado foi determinante na minha maturação estética. Corria a época de 87/88, marcada pela formidável coerência das notas finais: 10, dez e 10 (a Inglês, Filosofia e História, ou seria Geografia?) Foi o ano em que criei cumplicidade com uma espécie de Cristo todo vestido de ganga, muito magro e de pele bacilenta que viria a tornar-se no meu guru musical por um ano. É que ele fazia na rádio um programa "pirata" às mesmas horas tardias do Som da Frente. Não recordo mais o nome do programa, uma palavra talvez, daquelas que agarram tipo "sobreviventes", "clandestinos" coisa assim, e que identificava as emissões de risco que o Zé M. safava num misto de laconismo com um sentido de alinhamento só dele: os discos podiam ser conhecidos faixa a faixa em diferentes emissões, ou logo às metades de uma vez (o vinil reinava sozinho). Isto corresponde ao período que vem antes dos Pixies, que penso ter descoberto dois anos mais tarde. Antes vieram os Love and Rockets, formados por três elementos dos extintos Bauhaus (de fora apenas Peter Murphy), cujo segundo álbum, Express, marca o momento em que me tornei homenzinho nestas coisas da música. E que hoje ouço com a convicção original, lembrando a grata sabotagem operada em mim pelo Zé M..
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