A edição 2008 do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente - foi apresentada à imprensa esta manhã. O festival arranca no próximo dia 24 de Abril (razão forte para fazer "ponte" sem sair da capital) e terminará dois domingos depois, a 4 de Maio. De tudo quanto foi falado (apoios, orçamentos, crescimentos, consolidação...), interessam-me os filmes. É isso que destaco nas próximas linhas. Começando pela secção, em teoria, mais importante: o Herói Independente, que vai tratar das obras de Johnnie To (Hong Kong, foto dir.) e do catalão José Luis Guerín (foto esq.), assim como do novo cinema romeno, do qual Portugal já viu A Morte do Sr. Lazarescu, de Cristi Puiu, e 4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias, de Cristian Mungiu. Em relação aos dois primeiros nomes, e de forma muito sucinta, podemos esperar bailados de balas e não só, por parte de To. O IndieLisboa dará a conhecer dúzia exacta de longas-metragens (a mais antiga de 1993; a mais recente já deste ano: Sparrow, muito elogiada pelos críticos portugueses que se deslocaram ao último Festival de Berlim) de um sujeito que nunca faz menos de dois filmes por ano. Por parte de Guerín aguarda-se o (re)encontro com uma experimentação original, que junta documentário e reflexão sobre aquilo que constitui a matéria das imagens e as memórias que estas convocam.
A secção denominada de Observatório costuma concentrar atenções em torno de autores também eles confirmados. É das que mais atrai o meu interesse, e este ano há motivos de sobra para que tal venha de novo a verificar-se. Os filmes que farei por não perder são: Avant Que J'Oublie (Jacques Nolot), Go Go Tales (Abel Ferrara), Import Export (Ulrich Seidl), Le Premier Venu (Jacques Doillon), Memories (que junta Harun Farocki a Pedro Costa e Eugène Green), Sad Vacation (Shinji Aoyama) e Useless (Jia Zhang-Ke). O critério é o de sempre: o apreço que estes realizadores me merecem, ou simplesmente o facto de ter sabido da passagem dos títulos em festivais e o que então li ter-me interessado.
Não refiro curtas metragens porque francamente depois das maratonas de Vila do Conde, em anos consecutivos, fiquei esgotado. Poderei decidir ver alguma coisa em cima da hora por recomendação alheia, mas de contrário só sobra curiosidade para a produção nacional. Em particular para "filmes de amigos ou conhecidos", como é o caso do premiado Superfície, de Rui Xavier, que integra a competição internacional de curtas do Indie.
Deixei para o final aquela que me pareceu logo a fatia mais suculenta da programação, e que diz respeito à programação Indiemusic, constituída em grande parte por documentários sobre figuras ou bandas pop/rock. E que bandas! E que figuras! Passarão pelas sessões do Indie, Joe Strummer (Joe Strummer - The Future is Unwritten, de Julian Temple), Ian Curtis etc. (Joy Division, de Grant Gee), Lou Reed (Lou Reed's Berlin, de Julian Schnabel), Patti Smith (Patti Smith: Dream of Life, de Steven Sebring) e, entre outros, Scott Walker (Scott Walker: 30 Century Man, de Stephen Kijak). É muita música boa, muito filme potencialmente interessante, para uma pessoa sequer pensar deixar a cidade. De 24 de Abril a 4 de Maio a solução passa por desenhar uma figura geométrica que vá do S. Jorge ao Maria Matos, ao Fórum Lisboa e ao Londres, e procurar satisfazer toda e qualquer necessidade dentro dessa área. Parece difícil? Desde que munidos dos respectivos bilhetes, nada mais simples. Podemos sempre servir-nos do "indiebus" e, quem sabe, pormo-nos de pé para deixar sentar a Soraia Chaves (um dos elementos do júri Amnistia Internacional). Até lá.