2.04.2011

Patinho feio













Sai-se de Black Swan com a impressão que o melhor do filme passa por aquilo que não faz avançar em nada a narrativa: a partitura de Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) e os ensaios do bailado filmados com câmera à mão que nos colam aos corpos dos actores/bailarinos. No resto, Darren Aronofsky alinha umas citações trôpegas de David Cronenberg para significar o delírio da protagonista (a muito credível Natalie Portman), e encaminha-se para o laudatório final em modo auto-referencial que resulta apenas vazio e espectacular como no The Wrestler.
Correndo o risco de provocar os indefectíveis, remato com duas observações. Falta a Aronofsky alguma coisa que permita tratar os universos que filma (de modo vistoso e competente) com outra complexidade, a que não é alheio o olhar simplista sobre as personagens (sempre mais presentes por aquilo que exprimem visualmente que por algo que resulte de uma qualquer vibração interior). Se por esta altura o nome do realizador for proposto para a categoria de "patinho feio" de entre os novos consagrados do cinema norte-americano, o meu voto seguirá em espírito. Cinema não é feira ou circo.

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