7.19.2010
Vi o Polanski (bom), vi a fita dos irmãos Safdie (simpática), mas quero falar de outras coisas que também vi
Trygve Allister Diesen. Um nome destes não representa a mínima concorrência para Clint Eatwood. Até para um Eastwood de "menor" calibre que nem por isso deixou de ser obra-prima. Passo a explicar. Entre as estreias de Gran Torino e Red passaram alguns meses apenas. Os filmes são tão semelhantes que é natural que um tenha eclipsado o outro. Gran Torino chegou cá com pompa devida e o público celebrou-o como merecia. Red provavelmente nem as edições DVD nacionais deve atingir. E no entanto é puro material Eastwood que o desconhecido Trygve A. Diesen cuidou com atenções de "discípulo" aplicado. Trata-se de uma grande história de (não-)vingança. Um veterano de guerra condecorado, interpretado pelo sempre impecável Brian Cox, vive sozinho com o seu cão que é barbaramente assassinado para desfrute de três rapazes entediados. A justiça que Avery Ludlow buscará para si, que está intimamente ligada a um episódio trágico da sua vida familiar, passa pela assunção da responsabilidade por parte dos três jovens e dos seus educadores. Uma vez que o mal pode surgir de onde menos se espera, a reparação que Ludlow persegue até correr riscos da própria vida, passa pela regeneração dos culpados pois que a morte é irreparável. Evitando demagogias e apresentando a necessária mancha de pessimismo lúcido, Red é um belíssimo filme que justificava outra sorte.
Flight 666 é filmado pelo canadiano Sam Dunn que nos havia presenteado com o essencial Metal: A Headbanger's Journey. Nessa altura Sam Dunn confessava que os Iron Maiden eram a sua banda favorita e aqui surgia a oportunidade de partir com eles para os céus da verdadeira quimera. Uma digressão que percorre as geografias mais díspares, traçada em tempo recorde no Boeing 757, baptizado Ed Force One, pilotado pelo infatigável Bruce Dickinson (vocalista dos Iron Maiden). Partida com destino a Bombaim, depois Austrália, Japão, Estados Unidos, América Latina, enfrentando plateias em delírio, dezenas de milhares de fãs que celebram a chegada messiânica dos Maiden, que continuam a oferecer um espectáculo competente totalmente preenchido com os clássicos da banda. Há uma atitude de grande humildade por parte de Sam Dunn para rapidamente desaparecer para trás da câmara e dar todo o protagonismo aos elementos dos Iron Maiden e da sua equipa de técnicos e tour managers. Os Iron Maiden transportam na cara e no corpo aa marcas do tempo, mas nem por isso deixam de ser um fenómeno e esta uma digressão literalmente fenomenal. É ver para crer. A escala é Júlio Verne.
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