7.29.2010

Forever... Slayer


























Vou-me referir aos Slayer como se estivesse a tratar do metal no geral. Slayer é o grande divisor de águas. Se suportarmos e se depois dependermos da parede sonora erguida pela banda de Tom Araya, Jeff Hanneman, Kerry King e Dave Lombardo, então o caminho do metal estava já traçado antes mesmo de termos por ele entrado. Com os Slayer o desperdício é nulo. Não há discos acima dos 40 minutos, que eu tenha conhecimento. Também não há canções, antes manifestos que invariavelmente falam de violência, sangue, morte e religião. E fazem-no com palavras que são do domínio comum. Os Slayer não são básicos, são pragmáticos, determinados e letais. Música e texto (frequentemente da autoria do guitarrista Kerry King) concorrem para um único fim: a descarga voltaica que desperta os corpos e purifica as consciências. Os Slayer apelam eficazmente ao nosso lado primitivo, que nem todos se prontificarão a reconhecer. Oferecem-nos a catarse, em tudo oposta à intelectualização de processos. Permitem-nos reencontrar as energias que estão na origem daquilo que somos: animais, corpos eléctricos que acumulam merda em demasia. Os Slayer fazem-nos uivar por dentro ou para fora. São para mim o paradigma do metal. O novo paradigma. A evidência que combate a ilusão: as palavras e os sons transportam um determinado poder de impacto porque o sentimos. E o mundo fica do outro lado da parede o tempo que eu me permitir que fique.

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