7.01.2010

Macho McTiernan
















Não é fácil retirar do Predator de John McTiernan outra coisa de tão sofisticado como a constatação de que o homem é a mais perigosa das espécies. No entanto este filme é em minha opinião um dos grandes exemplos de puro cinema das últimas décadas. Vi-o, revi-o em diferentes idades, sempre com igual prazer. Tem qualquer coisa de ficção científica, tem bastante de filme de guerra, é um tratado sobre a sobrevivência e sobre o machismo e a camaradagem. É básico na caracterização das personagens (o que não impede que sejam grandes veículos, nem todos a transbordar testosterona) e brilhante na coreografia das sequências de acção: pode-se dizer que este filme todo é um alinhamento de acção permanente porque nos mantém permanentemente em suspense. A câmara de McTiernan tanto se confunde com o olhar da criatura alienígena que vem à Terra não se sabe com que propósito, como se mistura na selva qual camaleão que passa despercebido aos homens. Que quer significar a cena em que o monstro agoniza, antes de se autodestruir, e quando Schwarzenegger lhe pergunta "Who are you?" a criatura devolve com a reprodução da voz humana "Who are you?"? Não faço a mínima ideia, mas aquilo comove-me sempre. Sinto falta de John McTiernan (do genial Die Hard e do excelente remake de The Thomas Crown Affair) que parece que voltará a filmar mais regularmente nos próximos tempos, e quando a falta que sinto aperta eu vejo, por exemplo, este Predator. Cinema total.

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