Em Dark Eyes, Tomasz Stańko surge em companhia totalmente renovada para que tudo se mantenha na mesma. Não mais o trio do pianista Marcin Wasilewski que com Tomasz Stańko formava o quarteto polaco, os músicos são agora de predominância nórdica. Mas o som, amplo e lírico, é duzentos por cento Stańko.
Quando descobri A Year From Easter (2004), do Christian Wallumrød Ensemble, tive um dos surpreendentes encontros proporcionados pela ECM. Havia ali uma estranheza que tinha bastante a ver com o perfil musical da editora, mas também com coisas que vinham de outros lados. Nunca escutei os discos que Wallumrød gravou para trás na ECM. Daí para a frente é que nada me escapou, e a sensação de estranheza mantém-se neste Fabula Suite Lugano: obsessão tímbrica e atracção pela possibilidade de fazer música estática.
Guardei para o fim a jóia mais facetada do lote. Homenagem de François Couturier - que já havia dedicado todo um CD, Nostalghia - Song for Tarkovsky, à obra do cineasta russo – a um conjunto de seus heróis das artes: Bach, Rimbaud, Debussy, Schubert, Miró, e de novo Andrei (e o pai deste, Arseni) Tarkovski. Un Jour Si Blanc é constituído por vinhetas impressionistas expontâneas, peças em diversos movimentos, e explorações estruturadas. Mas é sobretudo um disco que denota grande liberdade de criação e de agregação do repertório, uma liberdade dirigida para as pulsões mais interiores do pianista, não absolutamente solo, porque invocando os seus melhores espíritos.