2.17.2010

Comic strip


























[...] Surf Music, Jovem Guarda, a primeira fase dos Beatles, trilhas dos filmes de faroeste, o twist, Rita Pavone, programas de auditório e todo um repertório da cultura pop que se traduz em canções contagiantes e de apelo direto. A ESTAS referências dadas por Arnaldo Antunes para enquadrar o som do disco Iê Iê Iê, temos de juntar a produção de Serge Gainsbourg dos anos 60, que reúne invenção e intencionalidade com as palavras ao carácter orelhudo das canções.
A experiência não foi propositada. Aconteceu-me ter escutado uma só vez o disco e quando voltei a ele dias depois reconheci cada tema como se tivessem permanecido comigo durante esse tempo. Há casos assim. Raros. Iê Iê Iê é um caso também feliz, consequência de feliz encontro. Fernando Catatau, da banda Cidadão Instigado, retribui a participação de Arnaldo Antunes no último disco deles, Uhuuu!, tomando a seu cargo a produção e emprestando os sons das guitarras a algumas faixas. Catatau é o caso raro dentro do caso raro. Tem como poucos aquele sentido deslocado de música de baile que é simultaneamente genuína no apelo popular e sofisticada na capacidade de espantar com a conjugação de orgãos e guitarras falsamente manhosos.
Em Portugal temos em produções do género a dupla composta por Nuno Rafael e Hélder Gonçalves, ou Armando Teixeira dos projectos Balla e Bullet. Mas caso Fernando Catatau pusesse os dedos num próximo disco de Rui Reininho (puro exemplo), vocês iam notar diferença. Nota-se aqui e de que maneira.

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