6.01.2008
É um pássaro é um avião
Em praticamente trinta anos à volta dos discos nunca tinha prestado atenção aos Led Zeppelin. A ocasião não se tinha proporcionado. Tão simples quanto isso. Seguimos por aqui e por ali, tomamos caminhos (demasiados caminhos), determinados por nós, pelos irmãos ou amigos, gastamos o que temos e não temos em música, e pode haver sempre qualquer coisa central que escapa. Cheguei agora aos Led Zeppelin através de um disco que tem a minha idade. Como num atropelo. A sensação com que fico é a de que há muitos rapazes que fazem música de brincadeira, e que com os Led Zeppelin a coisa é de homens e muito séria também. Isto é blues, folk e rock (pesado) e tem uma energia avassaladora. As guitarras (acústicas, eléctricas) são prodigiosas, a voz de Robert Plant é sobrenatural. A música dos Zeppelin - a avaliar por este que, por enquanto, é o disco que conheço - parece fazer a ponte entre o psicadelismo dos Beatles e o dos Pink Floyd: ampliando-os em catarse. O excesso é figura que não se pode escamotear. Só que o excesso deste Zeppelin é marca de exuberância que traduz a fome de música da banda de Plant, Page, Jones e Bonham. E se a transcendência já se nota em disco, nem sequer me atrevo a imaginar o que seria vê-los em palco. Isto é histórico, extraordinário, intemporal, totalmente incendiário de emoções e imprescindível. Um super Zeppelin, onde existirão outros.
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