6.12.2006

Bully











Passei a partilhar da opinião dos que consideram Bully o melhor filme de Larry Clark. Baseado num caso verídico, Bully retrata os dias de um grupo de jovens dos arredores de Hollywood que vivem uma alucinação constante - intoxicados com álcool, drogas, videogames, gangsta rap, sexo desapegado e misógino - e que a única coisa responsável que vêm a fazer passa por levar a cabo o assassínio de um dos seus elementos. O acto não põe fim à alienação do grupo e é por outro lado de um insustentável excesso de realidade para os seus elementos. Da histeria do colectivo à descoberta do crime não decorrerá muito tempo. A crónica é impressionante, algumas cenas e comportamentos podem suscitar a nossa incredulidade, mas a abordagem de Larry Clark é isenta e desapiedada para com a descrição dos factos e devolve na caracterização dos jovens uma componente de alheamento e indiferença que é a deles, controlando o impulso moralista de maxilares cerrados: veja-se o tom jocoso do próprio Clark numa figura secundária. Bully revela ainda uma admirável gestão do tempo e das suas irregularidades. É filme que se vê entre o espanto e o nervoso miudinho que progressivamente se instala.

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