10.22.2012

O melhor Brasil de hoje para falar do Brasil de antes

























Veio a ser na música que o movimento Tropicália, ou Tropicalismo, teve expressão mais duradoura. Para falar verdade ele vive até hoje em artistas como Devendra Banhart ou Cidadão Instigado, para dar dois exemplos. O que este documento de Marcelo Machado também cumpre é de uma competência audiovisual e cinematográfica que por um lado recupera imagens raras (para nós, no exterior) da história social, política e cultural do país, organizando-as em modo "mixtape" com a música excelente do período (Caetano, Gil, Mutantes, Tom Zé), e a vivacidade dos depoimentos em "off" que mais tarde passarão para "on", e por outro tem a capacidade de através da montagem ir da euforia da expressão tropicalista nos vários domínios (música, teatro, cinema, artes plásticas) à depressão decorrente do regime marcial  imposto no Brasil no final da década de 60, com o consequente exílio, entre outros, das principais figuras de Caetano Veloso e Gilberto Gil. É precisamente no exílio que este Tropicália começa e quase termina (o regresso é marcado por uma espécie de epílogo de novo festivo). E começa em Lisboa. A sua lista de colaborações impressiona ainda por ser tão extensa e por deixar a impressão de que cada uma daquelas pessoas teve importância no resultado final. Que é cósmico.


Repete sábado 27 de Outubro (S. Jorge, 21h45), integrado na programação do Doclisboa'12. 

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