O que está a fazer aqui este casal, sobretudo esta mulher? Calma. Primeiro um pouco de história, história recente, de há quatro anos, tempos de uma “prosperidade” que parece hoje miragem. Em Fevereiro de 2008, desafiei os amigos chegados a virem comigo ao concerto de Richard Hawley no Festival para Gente Sentada, em Sta. Maria da Feira. Paguei a dormida da comitiva e dividimos o resto. Esteve comprometida depois a vinda do músico de Sheffield à capital, sucedendo-se os seus grandes discos a bom ritmo, onde, sem desprimor para aquela actuação na véspera do meu aniversário, ele devia ter começado.
Finalmente Lisboa. Ontem. Cheguei só para o prato principal. Faltavam cerca de dez minutos. Não éramos muitos, dava para ver muitas das caras, saudar amigos e conhecidos, notar uma “estrela” que a todos passou despercebida. Vinha acompanhada (pelo senhor na imagem) mas ousei cumprimentá-la: “Aren’t you Elizabeth McGovern? I think you’re a wonderful actress, ever since the movie by Sergio Leone to Downton Abbey. Very nice meeting you. Enjoy the show." Ao que a senhora (n. 61) respondeu com yeses e thankyous. E o homem da noite entrava na cena. Fabuloso concerto. O foco nos dois últimos álbuns. Tocados quase como nos discos porque com a perfeição não se inventa. Recados do músico para o governo, para “os governos de merda que vêm empobrecendo as pessoas”. Muitos agradecimentos pelo eventual sacrifício dos presentes, pouco acima das duas centenas, em pagar bilhete de concerto nas actuais circunstâncias. Público exemplar, que foi respeitador ou eufórico quando era apropriado. Uma plateia de conhecedores que ao fim de hora e meia foi mandada para casa com esta canção.