8.31.2012
Momento Beckett da campanha
Diálogo para uma cadeira vazia. Um grande momento. Tenho a certeza de que os Democratas irão responder à altura (se não o fizeram já).
86 caracteres para Gelson Fernandes que esteve 73 minutos em campo
Não existe jogador que hoje sinta a camisola do Sporting como o trinco suíço, de origem cabo-verdiana.
8.30.2012
8.28.2012
8.26.2012
8.24.2012
Pop perfection
Agora que olho bem, o Paddy McAloon desta altura dá uns ares ao pianista Filipe Melo.
(e o Neil Conti tem qualquer coisa de Álvaro Costa)
Mão de Deus
Madre Anna: Do you ever see the Hand of God in what you do?
Creasy: No, not for a long time.
Madre Anna: The Bible says, "Do not be overcome with evil, but overcome...?
Creasy: But overcome evil with good." That's Romans Chapter 12 Verse 21. I am the sheep that got lost, Madre.
A redenção pelo fogo (pela morte). Uma das melhores histórias de redenção.
Creasy: No, not for a long time.
Madre Anna: The Bible says, "Do not be overcome with evil, but overcome...?
Creasy: But overcome evil with good." That's Romans Chapter 12 Verse 21. I am the sheep that got lost, Madre.
A redenção pelo fogo (pela morte). Uma das melhores histórias de redenção.
8.23.2012
Cacifo
E agora entram as danças sevilhanas da Catalunha
Sá, estou farto de eliminatórias com equipas nórdicas de meia tigela, em que acabamos a fazer resultados (e exibições) de merda, passando sem brilho algum. Apetece-me ver golos, uns três ou quatro, e uma equipa a assumir a superioridade desde o apito inicial. Aliás, acho que não há forma de mostrar o respeito pelo adversário, do que mostrar-lhe que sabemos como o futebol é pródigo em surpresas e, por isso mesmo, que não nos resta outra alternativa senão resolver a eliminatória o mais cedo possível.
Aperta com eles, Cacifo!
Sá, estou farto de eliminatórias com equipas nórdicas de meia tigela, em que acabamos a fazer resultados (e exibições) de merda, passando sem brilho algum. Apetece-me ver golos, uns três ou quatro, e uma equipa a assumir a superioridade desde o apito inicial. Aliás, acho que não há forma de mostrar o respeito pelo adversário, do que mostrar-lhe que sabemos como o futebol é pródigo em surpresas e, por isso mesmo, que não nos resta outra alternativa senão resolver a eliminatória o mais cedo possível.
Aperta com eles, Cacifo!
Mostra a tua culpa
Polícia – So who the hell did you fuck to get this job?
Walter – Myself. It was easier than it looked.
Polícia – Yeah, fucking yourself always is.
O final de Assalto ao Metro 123/ The Taking of Pelham 123 (2009) está próximo e Walter Garber (Denzel Washington), negociador improvisado, vê-se forçado a entregar 10 milhões de dólares a Ryder (John Travolta, um quase erro de casting) e restantes cúmplices, que uma hora antes haviam sequestrado o metro 123, mantendo-se na composição principal, separada das restantes, e tendo 17 reféns por companhia.
Isto não é um vulgar filme de sequestro e imagino que a razão não se prenda só com o facto de se tratar da recriação de obra estimada da década de 70 com o mesmo nome. Existe na versão de Tony Scott, com argumento de Brian Helgeland, uma ambiguidade discreta mas decisiva, que diz respeito a Garber, despromovido nas suas funções no metro de Nova Iorque, enquanto decorre o processo de averiguações onde é suspeito de ter recebido um suborno.
Ryder chega a inquiri-lo sobre o sucedido e Garber não tem outra alternativa a não ser “confessar” para poupar um dos reféns, mas a sua culpabilidade nunca chegará a ser clarificada. Porque arriscará ele a vida, indo-se juntar aos sequestradores levando-lhes os milhões, se não for no fundo para expiar a culpa? E assim, recuando um título na filmografia de Tony Scott, deparamo-nos com outra história de redenção e carris.
Aplique-se a escala Michael Mann, que é a que melhor se adequa a um filme do género de Assalto ao Metro 123, e a classificação de 3 estrelas (em 5) parece-me justa. O filme ganha-se na dúvida de uma culpa que não se chega a apurar, e que o Mayor (James Gandolfini), usando de sentido de oportunidade, tratará de pôr para trás das costas, ao agradecer o gesto corajoso de Walter para com a cidade, e que o espectador suspeitoso também relativizará em força dos acontecimentos.
Num filme pejado de remissões ao catolicismo é caso para desafiar quem se julga inocente a mostrar indignação. Tony Scott realizou este filme para a maioria culpada que somos quase todos.
8.22.2012
777 o número da besta sobre carris
Unstoppable/ Imparável (2010) tornou-se em definitivo o último filme de Tony Scott. Um tipo sente-se mal se por qualquer imperativo pressiona o botão de pausa no comando (virtualidades do consumo caseiro de filmes), invalidando a ameaça que Tony Scott põe em marcha na forma de um comboio desgovernado, o 777, comboio também "fantasma" porque ninguém vai nos comandos e não tem passageiros, que transporta material tóxico e altamente inflamável, lançando o pânico nas povoações da Pensilvânia no seu caminho, até ao trágico destino final marcado para Stanton, a vila de um dos indivíduos que tentará travá-lo com o risco da própria vida.
Imparável conta uma história de redenção e logo passarei a explicar por quê. Foi também a derradeira colaboração (de várias) entre Tony Scott e Denzel Washington (“once you go black you never come back”), um pouco como na aliança que estabeleceram John Ford e John Wayne, projecções um do outro, e peço-vos o carinho de considerarem que Tony Scott possa ter sido o John Ford da geração dos gadgets. Denzel personifica de novo a tarimba e o pragmatismo americanos e dá o rosto dominante a um episódio que se baseia em acontecimentos reais.
A direcção de Tony Scott cede um pouco no habitual barroquismo da montagem, para servir a história do nascimento da amizade "sob pressão" entre dois homens, o experiente condutor de locomotivas e o rookie (interpretado pelo absolutamente neutro Chris Pike) que trocam dissabores sucedidos com as suas vidas familiares, enquanto procuram “salvar a humanidade”. O mais velho negligenciara as filhas após a morte da mulher por doença. O mais jovem acusara a mãe do seu filho de uma infidelidade que se veio a provar falsa.
Há medida que a imobilização do comboio se transforma num evento nacional, com cobertura e interpretação televisivas a cada instante, a questão passa a ser a de eles terem hipótese de recuperar um amor que não souberam valorizar, redimindo-se perante o olhar do país que só interessa pelo grau de espectacularidade, porque à escala intimista este filme trata apenas daqueles dois condutores de caminhos-de-ferro e das mulheres que trataram mal.
De caminho Tony Scott coloca em definitivo a obra pioneira dos irmãos Lumière na categoria de atracção de feira (mera hipótese académica), homenageando-a ao mesmo tempo que diz: é sempre a mesma história, apenas se alteram a escala e a perícia técnica.
Está-se a falar, recordo, para a geração gadgets.
8.21.2012
8.20.2012
Tony Scott (1944-2012)
Vivia o cinema intensamente e isso notava-se nos filmes que fazia. Não tinha propriamente aquele estilo que faz perdurar a obra no tempo; era um homem de superfícies: visuais e dramáticas, ainda que algumas histórias fossem bastante complexas. Tem coisas boas feitas com Denzel Washington (equilibravam-se: o estilo frenético de Scott com a masculinidade de Denzel que conseguia fixar-se no turbilhão), mas será sempre um autor conotado com a década de 80, para a qual olhamos com mais preconceito que nostalgia. A maior parte da sua filmografia é descartável; mas existe, e naquele contexto foi porque muita gente a quis ver. Teve uma morte horrível e estúpida. Totalmente inesperada. É fodido.
Recordações
«Sou a criança que queria manter a ilusão e, ao mesmo tempo, o velho ciente de que tudo tem um preço, tudo tem fim.» (p. 225)
O narrador tem o nome de Corvo, por vestir sempre de negro. O único nome que J. Rentes de Carvalho lhe dá, que vemos mencionado uma única vez. Claro que não é por acaso e que isto reforça a empatia, decisiva, que estabelecemos com uma história que podia ter-se passado com o próprio autor. Não me ocupei a imaginar o protagonista de preto, pois para mim teve sempre o rosto de Rentes de Carvalho, um pouco como acontece quando lemos um livro que irá ser adaptado ao cinema e sabendo o nome dos actores logo as personagens nos surgem investidas da respectiva fisionomia.
A Amante Holandesa é um romance notável sobre aquilo que constitui a identidade de cada um, e sobre o modo como ficcioná-la pode ajudar a suportar a realidade do que somos. Existem dois amigos de infância que após o regresso da Holanda de um deles, onde estivera uma dúzia de anos, têm por hábito conversar longas horas em determinado lugar onde o mesmo pastoreia cabras (trata-se do Gato) e o outro espanta males da solidão, de um casamento sem amor, dois filhos a contas com a justiça na América, e de uma compulsão pedófila que se traduz, como o próprio confessa, na contemplação privada de álbuns com imagens de corpos jovens e bonitos.
Quando o primeiro se mata e o narrador recebe a visita da filha do Gato, que procura qualquer coisa de indefinido (um sentimento de pertença, talvez?) que pensa poder existir na terra do pai que não conheceu (Trás-os-Montes), o romance encaminha-se para a clarificação das vidas e naturezas reais de um e de outro, e da própria rapariga, Laura (24 anos mas de aparência mais nova ainda), na medida em que nela se prolonga a psicologia materna com igual capacidade de decepção. Mas ninguém está neste livro para ser julgado, e do leitor se espera igualmente que seja prudente a moralizar: todas as personagens são o que são e tratadas de forma isenta pela escrita elegante e essencial de J. Rentes de Carvalho.
«No íntimo, é verdade, eu poderia ter dado respostas iguais. Sexo, evidentemente. E aventura, cio, atracção. Para mim com o acréscimo da sua juventude, da beleza do seu corpo. Isso é o que ontem nos uniu. O que provavelmente nos separa, e a torna a ela distante e a mim melancólico, é a fantasia. A sua franqueza não quer enfeites, não conhece esperas nem precisa de sonhos. Sensibilidade e alma ficam de fora, assistem mas não participam, são o escudo que um dia poderá opor às recordações.» (p. 223)
Em defesa contra as recordações também se pode escrever livros, e livros estupendos como neste caso.
8.17.2012
O último a morrer
A década abriu com 'Goddfellas' (1990), de Martin Scorsese. Depois veio 'Carlito's Way', o melhor de todos os De Palma, de 93, o ano de 'A Bronx Tale', estreia de Robert De Niro atrás das câmeras. Em 1995 Scorsese realizava 'Casino', e em 97 o inglês Mike Newell infiltrava-se, tal como o seu herói, Donnie Brasco, no universo dos "wise guys". Foi parar à série Harry Potter que é para aprender! Grosseira injustiça feita a um filme que não merece ficar tapado pela boa vizinhança. A versão recente que vi, aumentada em cerca de 20 minutos, talvez mais sangrenta que a montagem comercial, o que não posso garantir pois a memória do primeiro visionamento está demasiado distante, remeteu-me de imediato para o filme de De Palma, que em comum com 'Donnie Brasco' tem a música de Patrick Doyle e um Pacino em topo de forma. Mais importante ainda: o desejo íntimo de Benjamin Ruggiero (Lefty) é igual ao de Carlito Brigante; pegar na mulher que ama e ir para um qualquer lugar distante. São logo à partida figuras trágicas e isso traduz-se na força do destino que se impõe sobre a vontade delas. Não tinha de ser à força um americano, ou italo-americano a dirigir 'Donnie Brasco'. A máquina de produção estava lá, o magnífico argumento de Paul Attanasio tocava as notas certas, fazendo melhor uso do "calão" que é como uma segunda pele, e Newell limitou-se a servir a história com a sua sensibilidade formada numa cultura diferente mas próxima, que afinal é o segundo berço da tradição narrativa ocidental: depois dos Gregos Shakespeare é o modelo trágico por excelência. Viva 'Donnie Brasco'. Fuggetaboutit.
8.14.2012
8.13.2012
O que vem do mesmo lado
«In awarding the Pardo d’oro to Jean-Claude Brisseau for his new film La Fille de nulle part, the jury of the 65th edition of the Festival del film Locarno, with Apichatpong Weerasethakul as its president, has made a decision to not only recompense one of the greatest living French filmmakers for his entire body of work but also to salute a feature film that is an exemplary gesture of cinematic freedom, beauty and courage.»
«A former math teacher who seems far more interested in literature, movies, philosophy and parapsychology, Michel (stolidly played by Brisseau), lives alone since the death of his wife, 29 years ago, in a spacious Paris flat he had inherited from her. One day he hears strange noises from the staircase and finds a blonde young girl, Dora (Virginie Legeay), being attacked by a young man who runs away. He takes her in but she refuses to call the police or a doctor and promises to quickly recuperate on her own. She installs herself in the flat and except for a short absence, never leaves it until the end of the film. A disturbing but revitalising ingredient in the older man’s life, she will help him work on a book he is preparing, listens to his interpretation of the Bible as a fictional work invented in the 7th century BC by order of King Josias, makes tables levitate, invites ghosts from the past (or the unconscious, if you prefer) to come over, finds herself the unwilling heir of everything Michel possesses, until death makes an entrance, in the same arbitrary way as most of the other things in this film.» (Screendaily)
«Mesmo, mesmo que tenha uma grande vontade de fantasia ou realismo e que tenha uma imaginação delirante, que não esqueçam que parte tudo, qualquer invenção, parte de qualquer coisa que existe. E se essa coisa passar por pensar “ah, o que eu queria fazer era um gajo que andava em levitação por Castelo Branco e depois três naves espaciais vinham lá”. Sim senhor. Tentar pensar porque é que isso apareceu, e se não terá a ver com o Pai, o filho, a namorada, com Castelo Branco. Coisas do interior. Não, do exterior. Porque o interior é um bocado isso. O interior é a nossa imaginação e as ideias que nós temos. O exterior é o que nos faz, eu acho, ter essas ideias. Qualquer ideia que a gente tenha é um bocadinho condicionada com o que nós vivemos.» (Pedro Costa/ Cinergia)
«I can just write about things correlated to my personal life, then I mix them with imaginary elements. I wanted to reach a vast and simple audience, not only the élite. Making something difficult to put on a scene, but trying to hide this difficulty at the same time.» (Jean-Claude Brisseau)
8.09.2012
Iniciado
Admito que alguns possam ter uma imagem destas na parede do quarto ou junto da mesa de jantar, assim como outros mostram Jesus Cristo às visitas. No Canadá Gordon Lightfoot goza do estatuto de tesouro nacional. A efígie do músico parece que estava a pedi-las. E teve-as. Eu tenho um CD em cima da mesa de trabalho, como é próprio dos iniciados.
O fractal humano
Pela primeira vez em cinco temporadas tenho acompanhado a série Mad Men com cadência semanal. São hábitos não fáceis de recuperar, e dois episódios ficaram entretanto pelo caminho. Nada que me impeça de pensar que estamos perante a época mais surpreendente. O último episódio então, só tem paralelo nas experiências visuais e narrativas do cineasta francês Alain Resnais (n. 1922). A sensação de sermos atirados para uma teia psicológica cubista, que não terá que ver só com o uso diverso de drogas recreativas: erva e ácido lisérgico. A desconstrução dramática e a desmontagem cronológica são portas de acesso para os abismos representados pela aparente ausência de racionalidade a sustentar aquilo que observamos do comportamento das personagens que citanto Megan, mulher de Don Draper, acaba invariavelmente por degradá-las. É um episódio notável (#6 Far Away Places) onde tudo parece andar à deriva e onde nada acontece por acaso. A televisão elevada ao estatuto de grande arte. Resnais terá por certo adorado.
8.08.2012
Graxa
Acordar com uma erecção é sinónimo de se ter estado a sonhar instantes antes de despertar. Sono em que o corpo totalmente relaxado contrasta com a hiperactividade do cérebro. Qualquer que seja a temática do sonho o corpo manifesta-se se o macho for saudável. Fá-lo várias vezes todas as noites. Dan Auerbach não terá suspeitas a meu respeito: homem sabedor do assunto. Foi ele um dos vultos a visitar-me recentemente, ou eu a visitá-lo uma vez que a memória que guardo é de tudo ter começado num concerto dos Black Keys onde ele me reconheceu. Parece que havia uma história comum, ligada com o facto de eu trabalhar numa loja de discos (o que até aconteceu numa fase da minha vida). O que não aconteceu foi ter deixado um bilhetinho para o Pavilhão Atlântico, mas até Novembro não faltarão erecções para isso. De borla eu ia e não seria apenas sonho.
8.07.2012
8.06.2012
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