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Para aqueles que lhe deitaram (como eu) um olhar sobranceiro aquando da estreia nos cinemas em 2002, importa recuperar esta extravagância de Michael Winterbottom: uma biografia pós-moderna, filmada em registo de assumido falso documentário, de Tony Wilson e da Madchester da Factory e da Hacienda. A música de dança não voltou a ser tão boa como aqui, mas este é um objecto que vai além da música. É a loucura e a irresponsabilidade daquilo tudo. Nada aqui é sério ou pungente como na evocação de Ian Curtis feita por Anton Corbijn (Control, 2007), mas os dois filmes complementam-se como os lados trágico e exuberante da mesma realidade. O luto e a festa.