4.28.2008

Indie 2008: Primeiro fim-de-semana














Clint Eastwood, A Life in Film (2007)
Ou o maior cineasta em actividade pelo olhar do homem que com Scorsese fez a travessia pela história do cinema americano: Michael Henry Wilson. Pragmatismo, pragmatismo, pragmatismo. Na imensidão e na paz do rancho Mission em Carmel, Eastwood discorre com bonomia pela história da sua vida, e a dos seus filmes enquanto actor e realizador. O grande homem resiste a teorizar sobre aquilo que faz: interessa-lhe sobretudo contar histórias que nunca viu contadas pelo cinema. Para fãs de Clint, essencial ao cubo.
The Mission (1999)
Há qualquer coisa de musical neste filme de Johnnie To. Provavelmente, e ao que consta, haverá um sentido coreográfico bailado em grande parte da sua filmografia. Os gangsters de To têm a "pinta" do Travolta da "febre de sábado à noite", e distraem-se com infantilidades tal como os "cães" condenados de Tarantino. The Mission vem a ser uma espécie de Sonatine de alta custura. Embora eu prefira ainda aquele filme de Takeshi Kitano, não deixo de admirar a coolness de Johnnie To, e o seu prazer em reter a acção para melhor lhe fixar o movimento.
Memories (2007)
Filmes curtos de Harun Farocki, Pedro Costa e Eugène Green. Passemos rapidamente por Farocki e o seu "noite e nevoeiro" com demasiada auto-consciência, e pelo objecto de Costa que conserva partes da fulgurância da última longa, mas em "marcha" algo acelerada. E fixemos o nome de Eugène Green pelo uso requintado da palavra (como Rohmer), pela frequente expressividade pura da imagem (como Bresson), sentidas, como convém (cento e alguns anos mais tarde na história da sétima arte, dificilmente se poderá fazer passar candura sem distanciamento), a meio do saudável perfume da ironia. Green diz-se próximo de Ozu, e isso poderá observar-se pelo modo de apresentar as coisas na sua despojada evidência. É um cinema doce, repleto de deliciosos anacronismos, onde até o que é calado se faz de uma música interior.
Running on Karma (2003)
Novo filme de Johnnie To, e este para baralhar quaisquer ideias que visem espartilhar a obra do asiático. Running on Karma é parte burlesco, parte místico, parte policial, tem coreografias de artes marciais, concursos de bodybuilding, shows de strip masculino, contorcionismo, o protagonista "veste" um cabedal tipo incrível Hulk, e o filme não desacelera um minuto que seja. Dado o exotismo da proposta, a hora da sessão não podia ser mais apropriada. Meia-noite "xunga", pois claro.


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