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A proeza do filme de Alain Resnais vem do facto de ser um objecto claramente fora de moda - espécie de musical à Demy, de filme coral como........ Magnolia, mas que não é cantado, e que investe na subtil insinuação da artificialidade dos espaços (foi todo filmado em estúdio) -, que ao mesmo tempo mostra ser absolutamente actual. Não existe tema mais dos nossos dias que a solidão das pessoas (e as suas máscaras). E poucos serão os actores que à semelhança da "família" Resnais a possam representar com esta graciosidade. Nota-se que o jeu dos actores é mais importante para Resnais do que o cinema, o teatro ou a vida. Pode ser esta uma explicação para que o seu filme consiga ser simultaneamente ligeiro e melancólico. Lúdico e grave.
Amanhã estreia.