12.15.2007

Na Cigale c'est génial
























É provável que seja dos títulos mais generosos do ano que em breve termina. Vincent Delerm à la Cigale. Pedi-o na Flur e veio a custar 27.50 euros. Pechincha. Dois CD's e dois DVD's. Os mesmos concertos. As mesmas músicas. Os DVD's tendo mais algumas faixas decorrente da sua maior capacidade de armazenamento. E 45 minutos de extras por ver. O primeiro CD e DVD ocupando-se das interpretações de Vincent com banda - e que excelente banda, em particular o trompetista (na verdade multi-instrumentista) Ibrahim Maalouf. O segundo par, também editado em separado desta edição especial, tratando dos muitos duetos que reúnem gente que faz parte da aprendizagem musical e/ou afectiva de Vincent - a mais longínqua e a mais recente -, da qual tenho forçosamente que destacar Irène Jacob, Benjamin Biolay e George Moustaki pelo encanto particular das suas aparições. Concerto filmado de modo eficaz onde importa que seja a encenação adoravelmente clochard a brilhar. Desde a abertura, com as imagens de um improvável Vincent otário às voltas com o passar do tempo com as demoiselles logo ali ao largo projectadas tal como ele em fundo. Depois a música arranca e a celebração segue sempre lá em cima. Com músicos desta categoria até parecem naturais tantas transições de posição, diferentes formatos, soluções desconcertantes, interpelação do público por um Vincent Delerm que tem sempre uma história absurda, uma anedota, um pretexto para tirar partido da auto-irrisão. E há ainda a participação de Neil Hannon na metade dos duetos, recém aterrado em terras parisienses e à nora com a língua em que lhe pedem para cantar. A coisa lá se consegue com algum desenrascanço e a flexibilidade do anfitrião todo musical. Noutro disco, momento igualmente surpreendente passa pela "aparição" de Peter von Poehl que entra em palco, liga um gravador de pistas de onde supostamente a sua voz será debitada ao longo da apresentação de tema Marine, que também consta de Les Piqûres D'Araignée o álbum de Delerm naturalmente mais representado. No CD/ DVD de Favourite Songs, a referida canção já será objecto de interpretação "convencional". Vincent Delerm à la Cigale é ao mesmo tempo a história actual e passada da canção francesa em irresistível movimento. Toda a sensibilidade e inteligência (ouçam esse belo macguffin que é Le Baiser Modiano ou a suposta miragem do escritor francês a servir de pretexto à recordação de um romance) de um intérprete de excepção. O muito generoso Vincent Delerm. Bravo. Bravo. Bravo!

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