5.11.2007
A autodepreciação é arte
Faltando pouco mais de metade da segunda época por visionar, não posso (ainda) afirmar que a nova série de Extras supera a anterior. O modelo repete-se, só que agora encontramos Andy Millman tornado vedeta de segunda ordem graças a uma ridicula miserável sitcom que ele relutantemente vai protagonizando e que serve de pretexto para o enxovalhar da sua pessoa, da sua profissão e do seu personagem (e do personagem desempenhado pelo personagem). No quarto episódio, o melhor até agora e um dos melhores de sempre, o convidado é de início Chris Martin, em versão tola, egocêntrica e oportunista dele próprio, que aproveita a mínima brecha para promover o fake greatest hits dos Coldplay. Martin está soberbo e alinha no espírito subversivo da série de modo surpreendente. Prova de coragem e de capacidade de auto-irrisão que lhe desconhecia. Fiquei fã! O resto do episódio não é menos delirante e termina - creio que jogando com imagens reais e "inserts" criados posteriormente - no espaço da cerimónia de atribuição dos prémios BAFTA: os "globos de ouro" ingleses. É aqui que surge Stephen Fry, o mais notado de entre os notáveis presentes (com direito a rábula em torno de Oscar Wilde e da homossexualidade de ambos) e é no decorrer do espectáculo que tudo acontece ao desgraçado Millman, desde ser banido de qualquer hipótese futura de ver-se de novo nomeado para um BAFTA, até testemunhar o anúncio para a plateia da sua tardia perda da virgindade. Contado assim não terá grande piada; visto é pura e simplesmente hilariante. E a construção dos vários equívocos é de uma ordem de génio a que só Larry David, do outro lado do Atlântico, se pode hoje em dia permitir.
Errata de dia 14: só ontem reparei, ao colocar o segundo disco, que a série 2 de Extras tem apenas seis episódios. Eu pensava, por analogia com a época anterior, que ia a pouco menos de metade (vi os 5º e 6º episódios: desconcertantes e inteligentíssimos) e de súbito fiquei a nadar nos "extras" de Extras. Queremos mais!
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