10.26.2011

Chapéus-de-chuva



Foi um professor da Escola de Cinema de cujas aulas eu mais gostei e de quem me tornei amigo, que explicou para a turma que o filme de Jacques Demy é sobre o tempo dos sentimentos. Sobre o que certos sentimentos, no caso o amor, representam quando os sentimos, e de como uma vez perdidos se tornam irrecuperáveis sob a forma inicial. Já aqui se tratava de um final não feliz como as nossas vidas se encarregam de repetir. Um filme tão estilizado e tão próximo da vida, o Demy. Claro que os românticos verão sempre no amor a eternidade e perante finais não felizes (final feliz é um paradoxo, n'est-ce pas?) sentem mais fundo. O cinema acena-lhes com a vida para apaziguar a dor. Quem nunca sofreu por amor que feche o guarda-chuva e saia por aquela porta.

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