Que nos sugere a capa do segundo álbum de Mokira para a Type? Se soubermos que o título é Persona, e que o seu autor, Andreas Tilliander, é sueco, somos levados a pensar no celebrado filme de Ingmar Bergman mas, ó intrusiva amálgama de cultura popular!, que caprichosamente mais depressa atalhas pelas sensações que pela razão. O que a figura na capa deste Persona me recorda é os manequins do genérico de Nip/Tuck. A fertilidade da associação não acaba aqui. A paleta electrónica de Tillander, que vai do drone basinskiano (o disco foi concebido tendo por recurso sons registados e reproduzidos por fitas magnéticas) a ambientes que são reminiscentes do kraut e do dub, bem que sugere a actividade de corte e costura tomada num sentido artesanal que se orgulha de expôr as marcas do tempo, e de assinalar a marcação de todos os tempos (lentos). Tilliander ficou-se pelo aprendiz dos doutores McNamara & Troy, que preferiu recriar os seus próprios monstros em vez de recauchutar Barbies de solário. Até porque num universo repleto de sombras e fantasmas, qualquer nesga de luz, mesmo fria, é tão sempre mais intensa.
7.15.2009
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