7.15.2009

Educação pela garrafa

Ontem vi metade do episódio que corresponde ao quinto ano de produção de Prime Suspect, uma série inglesa excelente que teve cronologia invulgar. Estreou no início dos anos 90 e terminou em 2006, com episódios mais longos que muitos filmes (200 minutos), e com intervalos médios (2 anos) e longos (7 anos) entre eles. Prime Suspect é uma série onde se bebe bastante: cerveja e whisky. É frequente os detectives combinarem tomar um copo ao final do dia, ou antes de iniciarem outra noitada de investigação. Nos gabinetes dos superiores também se encontra a vulgar garrafinha, e ninguém moraliza o que os outros bebem. Faz parte da concepção existencialista de se ser polícia. Estamos portanto num contexto civilizado. Prime Suspect é protagonizado por Helen Mirren, que nesta altura tem a categoria de superintendente. A sua personagem, Jane Tennison, é vista muitas vezes a beber. Num episódio chegam a mostrá-la no supermercado, a fazer meia-dúzia de compras, refeições frugais de levar ao micro-ondas e duas garrafas de Famous Grouse. A novidade da sessão de ontem era que eu bebia um melhor whisky que a superintendente Tennison. Não um daqueles whiskies novos que também bebo, ligeiros e doces, que escorrem sem se fazerem prolongar, mas um Old Parr. Há medida que bebemos melhores whiskies, sentimo-nos como que sendo educados por eles. Um whisky velho, ou um Single Malt, impõem um consumo demorado, e moderado: aquilo não se degusta sem que nos sintamos impregnados de uma certa espiritualidade. Ontem aprendi umas coisas com o velho Old Parr, enquando dava início a outra noitada de investigação.

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