8.13.2008

A minha história com os Pink Floyd


























Não acaba aqui. Começa em 1979, ano da edição do álbum The Wall, que animava as festas dos putos (que já davam melos), graças ao single Another Brick in the Wall. A TV a cores surgiria por esta altura também. Lembro que o filme de Alan Parker produzido dois anos mais tarde - animação distópica de que guardo memórias repelentes - eu já a veria inteiramente colorida. Nunca mais quis saber dos Floyd para coisa nenhuma. Daí que sem lhes acompanhar a discografia (quer para trás, quer para a frente), deixei cristalizar uma impressão negativa reforçada pelas imagens dos seus futuros espectáculos. Pink Floyd rimava com tecnologia, era música ou imagem para testar equipamentos de alta-fidelidade, sistemas surround, laser-discs, ao passo que eu só queria saber da música, e aprimorava a minha sensibilidade de remediado para tirar máximo partido desta independentemente das suas condições de reprodução. Em trinta e sete anos de vida, só comprara um disco dos Pink Floyd: o tal single que punha a malta a dançar mal e porcamente. A reaproximação aos Floyd que, asseguro, nunca me fizeram mal algum e que só uma terapia profunda poderia destapar qualquer trauma que não sei se existe, fez-se em período recente, rodeada de cautelas. O motor trabalha a ambientalismo, rock, e psicadelismo. Ando a escutar muita música da década em que nasci. Que só um amigo ou irmão mais velho, ou então um pai que fosse como eu me haveria de tornar, me podiam fazer experimentar à época. Já tacteei a edição de luxo do The Piper at the Gates of Dawn e o A Sourceful of Secrets, e hoje pouco mais fiz que passar, repassar, e voltar e voltar a passar o Dark Side of the Moon. Logo este para o qual eu sempre olhara de lado. A capa, não sei, a demasiada transversalidade de género e de gosto dos seus adeptos, sei lá, temos é a cabeça cheia de macaquinhos preconceituosos. Sucintamente, Dark Side of the Moon é um rematado engravidador de ouvidos. Isto é um elogio. Em 1973, a sua concepção sonora topo-de-gama foi muito naturalmente recebida com espanto. E o disco não tem apenas um grande som. É uma realização musical impressionante, que sintetiza elementos do rock, do psicadelismo, do rhythm'n'blues (nos sopros, principalmente), da soul/gospel (nos coros femininos), num todo continuo onde as palavras se fundem com a música, e o conceito do álbum vamos deixando ficar para depois. Em 42 minutos apenas. Apreendidos nuns auriculares por via do CD do computador. É obra. A minha história com os Pink Floyd só começa de facto agora.

Arquivo do blogue