9.06.2006

Memórias com animais

Por duas vezes, em momentos afastados da vida, vi um animal urinar-se pelas patas abaixo na minha frente. O primeiro chamava-se Achado e era um dos muitos cães (e então gatos...) que a vizinha do rés-do-chão esquerdo recolhia na rua. Certo dia o Achado foi apanhado pela camioneta da câmara que em Cascais catava animais abandonados (o Achado não usava coleira...), e levaram-no para o matadouro. Prontifiquei-me a ir junto com a vizinha salvar o bicho. Quando lá cheguei, nada garantia que o Achado não estivesse já morto. O alívio foi grande ao ver o cão correr na minha direcção, para logo em seguida libertar a tensão acumulada na antecâmara municipal sob a forma de mijo. Uma amarela e parecia que interminável mijadela. O segundo animal que urinou em jacto de frente para mim, que eu saiba, não tem nome. É um dos vários gamos em cativeiro numa quinta que visitei no fim-de-semana passado. Cenário idílico, a céu aberto, que a minha presença foi perturbar. Na tentativa ingénua de lhes tocar, foi ver os gamos correrem visivelmente agitados, de um lado para o outro, tantas vezes quantas eu esboçasse o mais pequeno gesto, até que o macho mais velho (vê-se o líder pelo tamanho das hastes) ficou isolado e do pânico fez também um enorme e vaporoso repuxo de cor amarela. Face à mais que óbvia rendição do bicho, fui eu que então saí envergonhado e o mais ligeiro que pude: Tarzan da merda.

Arquivo do blogue